terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Artigo publicado no SEMIEDU 2019, apresentado em 2019


O ESTADO DA QUESTÃO SOBRE A REUTILIZAÇÃO DO ÓLEO DE SOJA DE FRITURAS NA PRODUÇÃO DO SABÃO EM UM CONTEXTO DE ECONONOMIA SOLIDÁRIA E ENSINO DE QUÍMICA.

Creide Do N. S. De P. Azevedo (PPGECN/UFMT) –  creides827@gmail.com

Elane Chaveiro Soares (PPGECN/UFMT) – elaneufmt@gmail.com

Mariuce Campos De Morães (PPGECN/UFMT) – mariucec3@gmail.com





Resumo

A reutilização do descarte, do óleo de frituras ainda é pouco gerenciável, quando isso não acontece esse óleo é jogado na pia da cozinha, no ralo, ou mesmo, no lixo comum, causando impactos ao meio ambiente. Em alguns casos, o óleo é usado na produção de sabões, que é historicamente, seja antigamente ou em nossa época, presente no cotidiano de muitas pessoas cujos saberes resultam em diferentes receitas incorporadas ao longo da história. Perante tal temática foi realizado levantamento bibliográfico para a produção do estado da questão, com o objetivo de levantar e analisar estudos em torno da abordagem do tema sabão no Ensino de Química. As fontes utilizadas para a pesquisa foram primeiro, o catálogo de teses e dissertações da CAPES, sendo o recorte temporal o período de 2014 a 2018, segundo, a Revista Química Nova na Escola (QNEsc), sendo esta pesquisa realizada apenas por meio do descritor “sabão” sem recorte temporal de ano. O levantamento resultou na compreensão do quanto a abordagem do tema sabões a partir do óleo reutilizável, em um contexto de economia solidaria, acentuou a relevância da pesquisa, dando ênfase à perspectiva Ciência, Tecnologia e Sociedade.



Palavras – chave: Ensino de Química, Questões socioambientais, Economia Solidária e Sabões.



















 INTRODUÇÃO

A Química é uma das disciplinas da matriz curricular que compõe a base nacional comum curricular brasileira. É vista muitas vezes pela sociedade e também na Educação Básica, no Ensino Médio, como um conjunto de conhecimentos de difícil aprendizagem, inclusive pela descontextualização dos conteúdos, em não se considerar os conhecimentos prévios dos sujeitos, o que dificulta o entendimento. Nessa perspectiva, a contextualização possui diferentes funções, as quais permeiam desde motivar o aluno, facilitar a sua aprendizagem, bem como desenvolver significados pessoais no processo de aprendizagem da ciência Química. Também é tida como indispensável no processo de ensino no sentido de possibilitar a consideração das representações cotidianas de certos fenômenos naturais que os sujeitos têm previamente, com as representações científicas, possibilitando uma relação entre o ensino e aprendizagem de forma mais efetiva.

Considerando que no Brasil desde a década de 1970 já existia essa preocupação de educadores do Ensino de Química em incorporar no currículo da disciplina de Química, temáticas relativas às implicações da Química na sociedade, com o objetivo que o sujeito, possa ter o mínimo de conhecimentos químico, para que assim, possam se posicionar perante as informações químicas diversas veiculadas na sociedade. Nesse aspecto, corrobora também com essa ideia os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação (PCN’s), quando descrevem a química “[...] como um ensino de extrema importância e de grande contribuição como instrumento da formação humana, visando à autonomia do sujeito no exercício da cidadania”. E, mais recentemente, seguindo essa perspectiva dos PCN’s, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), quando afirma que os sujeitos devem ser protagonistas de seu processo de aprendizagem. Nesse sentido, a proposta de pesquisa apresentada, neste trabalho, resulta de uma pesquisa de mestrado que buscará levantar e analisar se o ensino de Química está sendo pensado como uma questão social na formação dos sujeitos. Intenciona-se trabalhar com o contexto dos sujeitos, a produção do sabão correlacionando com conhecimentos científicos (Ensino de Química), conhecimentos históricos e levantar a visão e o conhecimento da economia solidária frente à economia vigente.

Sendo assim, diante desta intenção de pesquisa, temos nos perguntado: como a temática de abordagem “sabões”, a partir do óleo de soja está sendo pensado/ trabalhado no Ensino de Química? Para conhecer a situação de outras pesquisas realizadas neste sentido, utilizou-se a pesquisa do tipo estado da questão, que serve para fundamentar e justificar a relevância da proposta a ser pesquisada. Sendo assim, o estado da questão tem o

Desafio de mapear e de discutir certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacado privilegiado em diferentes épocas e lugares, de que formas em quais condições têm sido produzidas certas dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em periódicos e comunicações em anais, congressos e de seminários (Ferreira, 2002, p. 258).



Assim, no sentido de mapear e discutir as produções, em relação ao sabão produzido a partir do óleo de soja de frituras, traz uma perspectiva do contexto cultural e social dos sujeitos, possibilitando um processo de ensino e aprendizagem correlacionado com o cotidiano deles. Justifica-se relevante essa abordagem, na perspectiva de compreender as pesquisas que defendem uma educação comprometida em formar um sujeito que domine um mínimo de conhecimentos químicos e ainda possa perceber o papel e a importância da Química, contribuindo para o exercício de sua cidadania de forma crítica e não apenas como simples decodificação de símbolos e fórmulas.

No âmbito desta pesquisa, para que esse objetivo ocorra de forma significativa, defende-se que o ensino de Química deve ser desenvolvido de forma contextualizada e associada à realidade do sujeito, rompendo com o ensino tradicional, linear, "conteudista” e desenvolvido de forma bancária no qual o aluno é visto como um depósito, como evidencia Freire (1987), sem a preocupação social de formar o sujeito, para que ele possa participar ativamente na sociedade.







Pesquisas Metodológicas

Do ponto de vista metodológico, para a realização desta pesquisa que buscou estruturar o estado da questão, foram feitas duas ações: 1. Pesquisa no catálogo de dissertações e teses da CAPES, com um recorte temporal dos anos de 2014 a 2018, a partir do descritor “Sabão” e 2. Pesquisa nos artigos QNEsc, com o descritor “sabões” apenas, sem recorte temporal de ano. O refinamento foi efetuado a partir da definição das áreas de concentração e de conhecimento, delimitada pela área multidisciplinar e de ciências ambientais e ensino de ciências e matemática.







Resultados e Discussões

No catálogo de dissertações e teses da CAPES, foram encontrados oito trabalhos, visto que dos oito apenas quatro relacionavam o tema produção de sabão a partir do óleo de soja.    Na Revista Química Nova na Escola, foram levantados cinco trabalhos, com base no descritor “sabões”, que são de anos como 1995, dois trabalhos; outros em 2000 e 2010; e o mais atual de maio de 2019.

Tabela1. Panorama da pesquisa: Levantamento CAPES de 2014a 2018.

Título das dissertações e teses.
AUTORES/ORIENTADORES
PROGRAMA, INSTITUIÇÃO E ANO DE DEFESA
1-A Educação Ambiental no Colégio Militar – CMPM I, Manaus – AM: A Importância da Reutilização do Óleo de Cozinha na Produção de Sabão Ecológico.
Sonia Albuquerque de Freitas
Claudio Nahum Alves
Mestrado Profissional em Ciências e Meio Ambiente. Universidade Federal do Pará, 2017.
2-Descarte de Óleo vegetal no Meio Ambiente: implantação de Programa de Educação Ambiental e Coleta.
Viviane Miriam Cardoso Cruz
Vanessa Aparecida Feijó de Souza
Mestrado Profissional em Saúde Ambiental Instituição de Ensino: Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, São Paulo, 2016.
3- A logística reversa dos óleos residuais em Curitiba: estudo de caso no bairro de Santa Felicidade.
  Isabel Larsen
Mestrado Profissional em Meio Ambiente urbano e Industrial Instituição de Ensino: Universidade Federal do Paraná, 2017.
4- Produção e Avaliação Físico – Química e Ecotoxicológica de Biodiesel Etílico de Óleos Residuais de Fritura.
Rubia de Pina Luchetti
Nelson Roberto Antoniosi Filho
 Doutorado em ciências Ambientais, Instituição de Ensino: Universidade Federal de Goiás, 2016.

Fonte: A autora1



A partir dos trabalhos identificados, cuja temática se relaciona com esta pesquisa, apresentamos alguns aspectos apresentados pelos respectivos autores.

Iniciamos por Freitas (2017). A autora desenvolveu sua pesquisa no colégio Militar da Policia Militar do Amazonas – CPMM I, tendo como público alunos do ensino do ensino fundamental. Como procedimento metodológico, realizou uma palestra de sensibilização a respeito de educação ambiental na escola, auxiliado, ainda, pela exibição de vídeos, em que evidenciava a reutilização do óleo de cozinha na fabricação de sabão ecológico. Na seqüência de seu trabalho, deu-se preferência não só à abordagem da educação ambiental na escola, mas também como avaliar o conhecimento dos alunos acerca da reutilização do óleo de cozinha. Com isso, Freitas (2017) pretendeu sensibilizá-los sobre o reaproveitamento do óleo na fabricação de sabão ecológico. Para obtenção de informação acerca do tema, a autora se utilizou de questionários, tanto antes quanto depois da palestra, com a participação de 149 estudantes da escola,

            Quanto à análise dos questionários, Freitas (2017) constatou que, inicialmente, poucos alunos tinham noções a respeito do assunto (35,49%). Porém, após a realização da palestra, 84,08% dos alunos revelaram ter conhecimento do tema estudado. Dessa forma, os resultados obtidos demonstraram que houve uma apreensão do tema por parte dos alunos, principalmente, a respeito do mal que o descarte inadequado do óleo de cozinha pode causar ao meio ambiente, assim como a compreensão de que, quando o óleo é reutilizado, contribui para a preservação do meio. Ressalta a autora que as atividades desenvolvidas com os alunos contribuíram para evidenciar a necessidade de estimulá-los a utilizar instrumentos inovadores e dinâmicos, com a finalidade de desenvolver a consciência sobre o meio ambiente. Na prática, a conseqüência dessa ação é o uso de recursos naturais de forma adequada. 

Cruz (2016) é outra autora em questão. A autora desenvolveu um estudo, cujo objetivo é investigar o destino do óleo vegetal residual, para isso recorreu aos estudantes do curso de pedagogia do Centro Universitário de Anhanguera de São Paulo, com 816 alunos. Inicialmente Cruz (2016) aplicou um questionário. Nele, a autora investigou onde eram descartadas as sobras de óleo nas preparações culinárias. Isso incluiu 255 alunos. Na seqüência, foram elaboradas oficinas com 54 alunos, momento em que aprenderam a fazer sabão caseiro e, mais desenvolvimento de atividades de sensibilização com os demais estudantes. No encerramento das abordagens, houve uma intervenção, e diante do resultado obtido, a autora propôs um programa de implantação do posto de coleta de óleo vegetal usado.

Outro estudo para a abordagem foi de Laersen (2017). De acordo com a autora, no Brasil, a estimativa é que anualmente são produzidas 1,2 milhão de toneladas de OGR – óleo e gorduras residuais, mas desse total, apenas 2,5 a 3,5% do óleo vegetal comestível descartado, ou seja, é destinado à reciclagem. Nesse sentido, pode-se dizer que o retorno dos OGR (óleo e gorduras residuais) à cadeia produtiva, tornam-os matéria-prima para produtos como biodiesel e sabão. Dessa forma, há ganhos de natureza ambientais, econômicas e sociais.

A primeira etapa do estudo da autora objetivou um levantamento de âmbito doméstico acerca do estado atual da logística reversa dos OGR (óleo e gorduras residuais) em Curitiba. Para atender a esse objetivo, o estudo utilizou-se, nessa fase, de visitas e entrevistas aos atores envolvidos na coleta e reciclagem deste resíduo. Paralelamente, também, realizou-se um estudo de caso, no bairro de Santa Felicidade, cujo fim era conhecer a situação do descarte dos OGR (óleo e gorduras residuais), além de explorar o conhecimento dos residentes a respeito dos programas de coleta existentes, assim como os impactos ambientais que os óleos causam. Essa atividade exigiu a aplicação de 202 questionários em uma amostragem por conveniência.

No que a autora chama de terceira parte da pesquisa, ela acompanhou no Colégio Estadual Francisco Zardo, projeto de educação ambiental e sensibilização à reciclagem. O projeto foi criado pelos alunos da Instituição, com o fim de coletar os OGR e produzirem sabão artesanal. Na avaliação do impacto educativo decorrente desse projeto na comunidade escolar, foram utilizados questionários, antes e depois do desenvolvimento do projeto. Os resultados conjuntos, envolvendo as três etapas, demonstraram que a logística reversa dos OGR é fonte de renda e geradora de emprego, além de envolve várias entidades públicas e privadas na área urbana.

Considerando os estudos realizados, a experiência apontou para a necessidade de uma educação ambiental permanente e transdisciplinar, condição que já é proposta na própria legislação brasileira. 

Em última análise, trabalhamos com a tese de doutorado de Luchetti (2016). Nele, a autora desenvolve um estudo descrito como obtenção de vias de produção de biodiesel etílico de ORF (Óleo e gordura de fritura residual), a partir de um tratamento da matéria-prima, seguido de processos conjugados e um controle de qualidade e ecotoxicológico. De acordo com a autora, o primeiro processo conjugado otimizado foi iniciado com uma esterificação ácida (razão molar etanol: ORF (Óleo e gordura de fritura residual) 11:1, 2,5% de concentração de H2SO4 por 4h) e posteriormente uma transesterificação alcalina (1,5% de concentração do KOH e razão molar etanol: matéria graxa de 13:1 por 4 horas). Para a autora, isso permitiu a produção de um biodiesel etílico de ORF (Óleo e gordura de fritura residual), cuja qualidade era similar à obtida para o biodiesel de óleo de soja refinado, exceto em relação à estabilidade oxidativa.

Na dinâmica de seu estudo, foi realizado outro estudo no sentido de desenvolver as melhores condições de obtenção de ácido graxo livre (FFA) a partir da acidificação de sabão de ORF (óleo e gordura de fritura residual), com o ácido fosfórico. Dessa forma, foi utilizado um planejamento experimental fatorial, no qual se obteve melhores resultados com a percentagem em excesso do KOH de 30%, por 2h e temperatura de 90°C. Após a purificação do FFA, houve a realização de uma dupla esterificação etílica ácida, para a produção do biodiesel etílico de ORF. Diga-se de passagem, que não foram encontrados estudos com essas variáveis e características.

A autora esclarece que as amostras de biodiesel etílico de ORF (óleo e gordura de fritura residual), que foram produzidas, tiveram seus processos de qualidade de acordo com os limites mínimos exigidos, com exceção da estabilidade oxidativa, que é afetada pela presença de componentes oxidados de primeira ordem (hidroxidienos e hidroperoxidienos) e de segunda ordem (cetoperoxidienos).

Em relação à toxicidade dessas amostras de biodiesel e suas misturas BX em ambiente aquático salino ou salobro, Luchetti (2017) realizou testes ecotoxicológicos nas suas frações solúveis, para tal, foi utilizado como organismo-teste, náuplios de Artemia salina. Nesse aspecto, pôde-se verificar que quanto menor a quantidade de biodiesel e maior a quantidade de diesel na mistura, menor é a concentração de eluato necessária para a mortandade dos náuplios de Artemia salina.

A leitura e análise do estudo desenvolvido por Luchetti (2017) permitem dizer que a tese da autora contempla mais a produção de biodiesel, utilizando como matéria prima o óleo vegetal.

A leitura e análise dos trabalhos realizados Freitas (2017), Cruz (2016), Laersen (2017) e Luchetti (2017), permitem verificar que os estudos desenvolvidos dão a ênfase à sensibilização e criação de programas e não contemplam o ensino de Química, relacionado à produção do sabão. Neste sentido, os levantamentos e análises das pesquisas nos remetem a fazer uma indagação de como se tem usado o óleo de cozinha para o ensino e aprendizagem de Química e, ainda, como está sendo pensado como questão social na formação dos sujeitos? Pois como é explicitado pelos autores Santos et al. (2011), em relação ao ensino de química,

O Compromisso da Educação Química implica que a construção curricular inclua aspectos formativos para o desenvolvimento de uma cidadania planetária. No ensino de ciências, isso exige uma base de conteúdos articulada com questões relativas a aspectos científicos, tecnológicos, sociais, econômicos e políticos.





Assim, percebe-se a importância de trazer temas que fazem parte do contexto histórico e social dos sujeitos para correlacionar o ensino de química de forma a possibilitar uma aprendizagem significativa.

Neste sentido, foram realizadas pesquisas com o objetivo de se fazer também o levantamento, dos artigos da Revista Química Nova na Escola com a palavra descritor “sabão”, na intenção de levantar em que aspecto de abordagem teria como resultados, assim foram obtidos cinco artigos de diferentes anos de 1995/2000/ 2010 / 2019.









Panorama da pesquisa: Levantamento de artigos na QNEsc.

TÍTULO DOS ARTIGOS
AUTORES
1- Água Dura Em Sabão Mole                       

Gerson de Souza Mol,
André Borges Barbosa,
 Roberto Ribeiro da Silva.
N0 2, p 32 –33, nov.1995
2 - Xampus
André Borges Barbosa;
Roberto Ribeiro da silva.
N° 2, p 3 – 5, nov.1995
3 - Sabão e Detergentes como tema organizador de aprendizagens no ensino médio
Cláudio NazariVerani,
Débora Regina Gonçalves;
Maria da Graça Nascimento.
N° 12, p.15 – 19, nov. 2000.
4 - As Questões Ambientais e a Química dos Sabões e Detergentes
Elaine Maria Figueiredo Ribeiro;
Juliana de Oliveira Maia;
Edson José Wartha.
N03, p.169 -175, aos 2010.
5-Produção de Sabão no Assentamento Rural Monte Alegre: Aspectos Didáticos, Sociais e Ambientais
Luciana Massi;
Carlos S. Leonardo Júnior
Vol. 41, N° 2, p. 124-132, maio 2019

Fonte: A autora 1



Em relação ao artigo de Mol et al. (1995), intitulado de Água Dura em Sabão Mole, inclusive, parafraseando a canção Planeta Água, composta por Guilherme Arantes, os autores, em relação ao sabão, citam que na seção “Química e Sociedade desta edição”, os sabões são constituídos de sais orgânicos, cujas moléculas possuem uma parte apolar e outra polar. Os sabões e os detergentes formam um grupo de substâncias denominado agentes tensos - ativos (reduzem a tensão superficial da água) e, por isso, atuam na limpeza de objetos e superfícies. E, ao final do artigo, propõem fazer uma experiência para observar o efeito sobre os sabões, em relação à dureza da água.

No artigo Xampus, os autores Barbosa e Silva (1995), resgatam um pouco da história do sabão, enfatizando que nas ruínas de Pompéia, destruídas aproximadamente em 79 a.C., pela explosão do Vesúvio, arqueólogos desenterraram uma fábrica de sabão. O artigo traz conteúdos relacionados ao ensino de Química como a acidez e a alcalinidade de Xampus. Já, no artigo, Sabões e Detergentes como Tema Organizador de Aprendizagens no Ensino Médio, Veraniet et al. (2000) abordaram uma experiência desenvolvida junto a estudantes da primeira série do ensino médio, que se refere a uma abordagem de conteúdos de Química articulada a vivencias cotidianas dos alunos – no caso o tema social “sabões e detergentes”. Nesse artigo, os autores enfatizam a preocupação dos educadores na atualidade em relação a metodologias aptas a tornar o processo de ensino e aprendizagens mais produtivo (HERRON e NURRENBERN, 1999), ou seja, a preocupação em trazer um tema relacionado ao cotidiano e a vivencia dos alunos.  Nesse sentido, Lutfi (1992) salienta a química do cotidiano não como modismo, porém, com um olhar, que a ressalta no contexto seu papel social, considerando a sua contextualização social, política, filosófica, econômica e ambiental.

Ao analisar o artigo de Ribeiro et al. (2010), intitulado Questões Ambientais e a Química dos Sabões e Detergentes, os autores apresentam um relato de experiências sobre o desenvolvimento de uma proposta de ensino temático em Química, por meio da abordagem de questões ambientais relacionadas ao uso de sabões e detergentes. Os autores colocam temas que busquem trabalhar os aspectos sociais, econômicos e ambientais do contexto em que estão inseridos os sujeitos.

            No artigo de Massi e Junior (2019), Produção de sabão no Assentamento Rural Monte Alegre: Aspectos Didáticos, Sociais e Ambientais, os autores abordaram o saber popular permeado pelo conhecimento cientifico e tecnológico, a produção de sabão como pratica social.

Com base nos levantamentos realizados nos artigos e na tese, o fazer sabão aparece não só como uma pratica social, que se pode correlacionar com os conhecimentos científicos do ensino da Química, mas também evidencia uma prática presente no cotidiano dos sujeitos.



Considerações

O levantamento bibliográfico na CAPES e na QNEsc, possibilitou ter um panorama de trabalhos que estão sendo desenvolvidos relacionados à temática proposta em nossa pesquisa sobre a reutilização do óleo de soja de frituras na produção do sabão em um contexto de economia solidaria e Ensino de Química. As dissertações trouxeram um aspecto de conscientização a respeito dos projetos que contemplem uma ação de sensibilização e implantação de um posto de coleta de óleo vegetal usado, entre outras. Essas dissertações contemplavam áreas de ciências ambientais, saúde, sendo que não envolvem uma proposta para o ensino, ensino de Química. Os artigos da QNEsc trazem a relevância dos relatos de experiência, bem como as contribuições que esse tipo de pesquisa produz no aspecto não somente das questões ambientais, que é bastante enfatizado nos diversos artigos pesquisados, mas também com a participação ativa dos sujeitos no processo de ensino e aprendizagem e relevante também como uma necessidade formativa e educativa.

Nesse contexto, daremos continuidade a uma pesquisa que poderá trazer as implicações que envolvam o ensino de química, questões socioambientais, economia solidaria e sabões, considerado um tema de relevância no processo de ensino e aprendizagem em nossa área. “Em especial, porque trata - se da abordagem de contexto social que permeia o cotidiano de muitas famílias dos sujeitos, de maneira que se pretende desenvolver uma pesquisa para levantar e analisar o sentido do “sabão” e significado da “economia solidária”.





Referências



BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.  Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

CRUZ, VIVIANE MIRIAM CARDOSO. Descarte de óleo vegetal no meio ambiente: Implantação de programa de educação ambiental e coleta. Mestrado Profissional em Saúde Ambiental Instituição de Ensino: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS, São Paulo, 2016.

FERREIRA, Norma Sandra de. As pesquisas denominadas “Estado da Arte”. Educação & Sociedade, ano XXIII, nº 79, p. 257-272, agosto, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

FREITAS, Sonia Albuquerque de. A Educação Ambiental no Colégio Militar Da Polícia Militar – CMPM I, Manaus-AM: a importância da reutilização do óleo de cozinha na produção de sabão ecológico. Mestrado Profissional em Ciências e Meio Ambiente: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ, 2017.

LARSEN, Isabel. A logística reversa dos óleos residuais em Curitiba: estudo de caso do bairro Santa Felicidade. Mestrado Profissional em Meio Ambiente Urbano e Industrial: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, 2017.

LUCHETTI, Rubia de Pina. Produção e avaliação físico-química e ecotoxicológica de biodiesel etílico de óleos residuais de fritura. Doutorado em Ciências Ambientais: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016.

LUTFI, M. Os ferrados e cromados: produção social e apropriação privada do conhecimento químico. Ijuí: Ed. UNIJUÍ: 1992.

Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Média e Tecnológica (Semtec). PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais – Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/ Semtec, 2002.

SANTOS, Wildson Luiz Pereira; AULER, Décio. CTS e A Educação Científica - Desafios, Tendências e Resultados de Pesquisa. Brasília: UNB, 2011.










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