O ESTADO DA QUESTÃO SOBRE A REUTILIZAÇÃO DO ÓLEO DE SOJA DE FRITURAS NA PRODUÇÃO DO SABÃO EM UM CONTEXTO DE ECONONOMIA SOLIDÁRIA E ENSINO DE QUÍMICA.
Creide
Do N. S. De P. Azevedo (PPGECN/UFMT) – creides827@gmail.com
Elane Chaveiro Soares (PPGECN/UFMT) – elaneufmt@gmail.com
Mariuce Campos De Morães (PPGECN/UFMT) – mariucec3@gmail.com
Resumo
A reutilização do descarte, do óleo de frituras ainda é pouco gerenciável,
quando isso não acontece esse óleo é jogado na pia da cozinha, no ralo, ou
mesmo, no lixo comum, causando impactos ao meio ambiente. Em alguns casos, o
óleo é usado na produção de sabões, que é historicamente, seja antigamente ou
em nossa época, presente no cotidiano de muitas pessoas
cujos saberes resultam em diferentes receitas incorporadas ao longo da
história. Perante tal temática foi realizado levantamento bibliográfico para a
produção do estado da questão, com o objetivo de levantar e analisar estudos em
torno da abordagem do tema sabão no Ensino de Química. As fontes utilizadas
para a pesquisa foram primeiro, o catálogo de teses e dissertações da CAPES,
sendo o recorte temporal o período de 2014 a 2018, segundo, a Revista Química
Nova na Escola (QNEsc), sendo esta pesquisa realizada apenas por meio do
descritor “sabão” sem recorte
temporal de ano. O levantamento resultou
na compreensão do quanto a abordagem do tema sabões a partir do óleo reutilizável,
em um contexto de economia solidaria, acentuou a relevância da pesquisa, dando
ênfase à perspectiva Ciência, Tecnologia e Sociedade.
Palavras – chave: Ensino de Química, Questões
socioambientais, Economia Solidária e Sabões.
INTRODUÇÃO
A Química é uma das disciplinas da
matriz curricular que compõe a base nacional comum curricular brasileira. É vista muitas vezes pela sociedade e também na Educação
Básica, no Ensino Médio, como um conjunto de conhecimentos de difícil aprendizagem,
inclusive pela descontextualização dos conteúdos, em não se considerar os conhecimentos
prévios dos sujeitos, o que dificulta o entendimento. Nessa perspectiva,
a contextualização possui
diferentes funções, as quais permeiam desde motivar o aluno, facilitar a sua
aprendizagem, bem como desenvolver significados pessoais no processo de
aprendizagem da ciência Química. Também é tida como indispensável no processo
de ensino no sentido de possibilitar a consideração das representações
cotidianas de certos fenômenos naturais que os sujeitos têm previamente, com as
representações científicas, possibilitando uma relação entre o ensino e
aprendizagem de forma mais efetiva.
Considerando que no Brasil desde a
década de 1970 já existia essa preocupação de educadores do Ensino de Química
em incorporar no currículo da disciplina de Química, temáticas relativas às
implicações da Química na sociedade, com o objetivo que o sujeito, possa ter o
mínimo de conhecimentos químico, para que assim, possam se posicionar perante
as informações químicas diversas veiculadas na sociedade. Nesse aspecto,
corrobora também com essa ideia os Parâmetros Curriculares Nacionais da
Educação (PCN’s), quando descrevem a química “[...] como um ensino de
extrema importância e de grande
contribuição como instrumento da formação humana, visando à autonomia do
sujeito no exercício da cidadania”. E, mais recentemente, seguindo essa
perspectiva dos PCN’s, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), quando afirma
que os sujeitos devem ser protagonistas de seu processo de aprendizagem. Nesse
sentido, a proposta de pesquisa
apresentada, neste trabalho, resulta de uma pesquisa de mestrado que buscará
levantar e analisar se o ensino de
Química está sendo pensado como uma questão social na formação dos
sujeitos. Intenciona-se
trabalhar com o contexto dos sujeitos, a produção do sabão correlacionando com
conhecimentos científicos (Ensino de Química), conhecimentos históricos e
levantar a visão e o conhecimento da economia solidária frente à economia
vigente.
Sendo assim, diante desta intenção de
pesquisa, temos nos perguntado: como a temática de abordagem “sabões”, a partir
do óleo de soja está sendo pensado/ trabalhado no Ensino de Química? Para
conhecer a situação de outras pesquisas realizadas neste sentido, utilizou-se a
pesquisa do tipo estado da questão, que serve para fundamentar e justificar a relevância da proposta a ser
pesquisada. Sendo assim, o estado da questão tem o
Desafio de mapear e de
discutir certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento tentando
responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacado privilegiado em
diferentes épocas e lugares, de que formas em quais condições têm sido
produzidas certas dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em
periódicos e comunicações em anais, congressos e de seminários (Ferreira, 2002,
p. 258).
Assim, no
sentido de mapear e discutir as
produções, em relação ao sabão produzido a partir do óleo de soja de frituras, traz uma perspectiva do
contexto cultural e social dos sujeitos, possibilitando um processo de ensino e
aprendizagem correlacionado com o cotidiano deles. Justifica-se
relevante essa abordagem, na perspectiva de compreender as pesquisas que defendem uma educação comprometida em
formar um sujeito que domine um mínimo de conhecimentos químicos e ainda possa perceber o papel e a
importância da Química, contribuindo para o exercício de sua cidadania
de forma crítica e não apenas como simples decodificação de símbolos e
fórmulas.
No âmbito desta pesquisa,
para que esse objetivo ocorra de forma significativa, defende-se que o ensino
de Química deve ser desenvolvido de forma contextualizada e associada à
realidade do sujeito, rompendo com o ensino tradicional, linear,
"conteudista” e desenvolvido de forma bancária no qual o aluno é visto
como um depósito, como evidencia Freire (1987), sem a preocupação social de
formar o sujeito, para que ele possa participar ativamente na sociedade.
Pesquisas Metodológicas
Do ponto de
vista metodológico, para a realização desta pesquisa que buscou estruturar o estado da questão, foram
feitas duas ações: 1. Pesquisa no
catálogo de dissertações e teses da CAPES, com um recorte temporal dos anos de 2014 a 2018, a partir do descritor “Sabão” e 2.
Pesquisa nos artigos QNEsc, com o descritor “sabões” apenas, sem recorte
temporal de ano. O refinamento
foi efetuado a partir da definição das áreas de concentração e de conhecimento,
delimitada pela área multidisciplinar e de ciências ambientais e ensino de
ciências e matemática.
Resultados e Discussões
No catálogo de dissertações e teses da CAPES, foram encontrados oito
trabalhos, visto que dos oito apenas quatro relacionavam o tema produção de
sabão a partir do óleo de soja. Na
Revista Química Nova na Escola, foram levantados cinco trabalhos, com base no
descritor “sabões”, que são de anos como 1995, dois trabalhos; outros em 2000 e
2010; e o mais atual de maio de 2019.
Tabela1.
Panorama da pesquisa: Levantamento CAPES de 2014a 2018.
Título das dissertações e teses.
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AUTORES/ORIENTADORES
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PROGRAMA, INSTITUIÇÃO E ANO DE DEFESA
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1-A Educação Ambiental no
Colégio Militar – CMPM I, Manaus – AM: A Importância da Reutilização do Óleo
de Cozinha na Produção de Sabão Ecológico.
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Sonia
Albuquerque de Freitas
Claudio
Nahum Alves
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Mestrado Profissional em
Ciências e Meio Ambiente. Universidade Federal do Pará, 2017.
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2-Descarte de Óleo vegetal
no Meio Ambiente: implantação de Programa de Educação Ambiental e Coleta.
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Viviane
Miriam Cardoso Cruz
Vanessa
Aparecida Feijó de Souza
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Mestrado Profissional em
Saúde Ambiental Instituição de Ensino: Centro Universitário das Faculdades
Metropolitanas Unidas, São Paulo, 2016.
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3- A logística reversa dos óleos
residuais em Curitiba: estudo de caso no bairro de Santa Felicidade.
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Isabel Larsen
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Mestrado Profissional em
Meio Ambiente urbano e Industrial Instituição de Ensino: Universidade Federal
do Paraná, 2017.
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4- Produção e Avaliação
Físico – Química e Ecotoxicológica de Biodiesel Etílico de Óleos Residuais de
Fritura.
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Rubia
de Pina Luchetti
Nelson Roberto Antoniosi Filho
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Doutorado em ciências Ambientais,
Instituição de Ensino: Universidade Federal de Goiás, 2016.
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Fonte: A autora1
A partir dos trabalhos identificados, cuja temática se
relaciona com esta pesquisa, apresentamos alguns aspectos apresentados pelos
respectivos autores.
Iniciamos por Freitas (2017). A autora desenvolveu sua
pesquisa no colégio Militar da Policia Militar do Amazonas – CPMM I, tendo como
público alunos do ensino do ensino fundamental. Como procedimento metodológico,
realizou uma palestra de sensibilização a respeito de educação ambiental na
escola, auxiliado, ainda, pela exibição de vídeos, em que evidenciava a
reutilização do óleo de cozinha na fabricação de sabão ecológico. Na seqüência
de seu trabalho, deu-se preferência não só à abordagem da educação ambiental na
escola, mas também como avaliar o conhecimento dos alunos acerca da reutilização
do óleo de cozinha. Com isso, Freitas (2017) pretendeu sensibilizá-los sobre o
reaproveitamento do óleo na fabricação de sabão ecológico. Para obtenção de
informação acerca do tema, a autora se utilizou de questionários, tanto antes
quanto depois da palestra, com a participação de 149 estudantes da escola,
Quanto à análise dos questionários,
Freitas (2017) constatou que, inicialmente, poucos alunos tinham noções a
respeito do assunto (35,49%). Porém, após a realização da palestra, 84,08% dos
alunos revelaram ter conhecimento do tema estudado. Dessa forma, os resultados
obtidos demonstraram que houve uma apreensão do tema por parte dos alunos, principalmente,
a respeito do mal que o descarte inadequado do óleo de cozinha pode causar ao
meio ambiente, assim como a compreensão de que, quando o óleo é reutilizado,
contribui para a preservação do meio. Ressalta a autora que as atividades
desenvolvidas com os alunos contribuíram para evidenciar a necessidade de
estimulá-los a utilizar instrumentos inovadores e dinâmicos, com a finalidade
de desenvolver a consciência sobre o meio ambiente. Na prática, a conseqüência
dessa ação é o uso de recursos naturais de forma adequada.
Cruz (2016) é outra autora em questão. A autora desenvolveu
um estudo, cujo objetivo é investigar o destino do óleo vegetal residual, para
isso recorreu aos estudantes do curso de pedagogia do Centro Universitário de
Anhanguera de São Paulo, com 816 alunos. Inicialmente Cruz (2016) aplicou um
questionário. Nele, a autora investigou onde eram descartadas as sobras de óleo
nas preparações culinárias. Isso incluiu 255 alunos. Na seqüência, foram elaboradas
oficinas com 54 alunos, momento em que aprenderam a fazer sabão caseiro e, mais
desenvolvimento de atividades de sensibilização com os demais estudantes. No
encerramento das abordagens, houve uma intervenção, e diante do resultado
obtido, a autora propôs um programa de implantação do posto de coleta de óleo
vegetal usado.
Outro estudo para a abordagem foi de Laersen (2017). De
acordo com a autora, no Brasil, a estimativa é que anualmente são produzidas
1,2 milhão de toneladas de OGR – óleo e gorduras residuais, mas desse total,
apenas 2,5 a 3,5% do óleo vegetal comestível descartado, ou seja, é destinado à
reciclagem. Nesse sentido, pode-se dizer que o retorno dos OGR (óleo e gorduras
residuais) à cadeia produtiva, tornam-os matéria-prima para produtos como
biodiesel e sabão. Dessa forma, há ganhos de natureza ambientais, econômicas e
sociais.
A primeira etapa do estudo da autora objetivou um
levantamento de âmbito doméstico acerca do estado atual da logística reversa
dos OGR (óleo e gorduras residuais) em Curitiba. Para atender a esse objetivo,
o estudo utilizou-se, nessa fase, de visitas e entrevistas aos atores
envolvidos na coleta e reciclagem deste resíduo. Paralelamente, também,
realizou-se um estudo de caso, no bairro de Santa Felicidade, cujo fim era
conhecer a situação do descarte dos OGR (óleo e gorduras residuais), além de
explorar o conhecimento dos residentes a respeito dos programas de coleta
existentes, assim como os impactos ambientais que os óleos causam. Essa
atividade exigiu a aplicação de 202 questionários em uma amostragem por
conveniência.
No que a autora chama de terceira parte da pesquisa, ela
acompanhou no Colégio Estadual Francisco Zardo, projeto de educação ambiental e
sensibilização à reciclagem. O projeto foi criado pelos alunos da Instituição,
com o fim de coletar os OGR e produzirem sabão artesanal. Na avaliação do
impacto educativo decorrente desse projeto na comunidade escolar, foram
utilizados questionários, antes e depois do desenvolvimento do projeto. Os
resultados conjuntos, envolvendo as três etapas, demonstraram que a logística
reversa dos OGR é fonte de renda e geradora de emprego, além de envolve várias
entidades públicas e privadas na área urbana.
Considerando os estudos realizados, a experiência apontou
para a necessidade de uma educação ambiental permanente e transdisciplinar,
condição que já é proposta na própria legislação brasileira.
Em última análise, trabalhamos com a tese de doutorado de Luchetti (2016). Nele, a autora
desenvolve um estudo descrito como obtenção de vias de produção de biodiesel
etílico de ORF (Óleo e gordura de fritura residual),
a partir de um tratamento da matéria-prima, seguido de processos conjugados e
um controle de qualidade e ecotoxicológico. De acordo com a autora, o primeiro processo
conjugado otimizado foi iniciado com uma esterificação ácida (razão molar
etanol: ORF (Óleo e gordura de fritura residual) 11:1, 2,5% de concentração de
H2SO4 por 4h) e posteriormente uma transesterificação alcalina (1,5% de
concentração do KOH e razão molar etanol: matéria graxa de 13:1 por 4 horas).
Para a autora, isso permitiu a produção de um biodiesel etílico de ORF (Óleo e
gordura de fritura residual), cuja qualidade era similar à obtida para o
biodiesel de óleo de soja refinado, exceto em relação à estabilidade oxidativa.
Na dinâmica
de seu estudo, foi realizado outro estudo no sentido de desenvolver as melhores
condições de obtenção de ácido graxo livre (FFA) a partir da acidificação de
sabão de ORF (óleo e gordura de fritura residual), com o ácido fosfórico. Dessa
forma, foi utilizado um planejamento experimental fatorial, no qual se obteve melhores
resultados com a percentagem em excesso do KOH de 30%, por 2h e temperatura de
90°C. Após a purificação do FFA, houve a realização de uma dupla esterificação
etílica ácida, para a produção do biodiesel etílico de ORF. Diga-se de
passagem, que não foram encontrados estudos com essas variáveis e
características.
A autora
esclarece que as amostras de biodiesel etílico de ORF (óleo e gordura de fritura
residual), que foram produzidas, tiveram seus processos de qualidade de acordo
com os limites mínimos exigidos, com exceção da estabilidade oxidativa, que é
afetada pela presença de componentes oxidados de primeira ordem (hidroxidienos
e hidroperoxidienos) e de segunda ordem (cetoperoxidienos).
Em relação
à toxicidade dessas amostras de biodiesel e suas misturas BX em ambiente
aquático salino ou salobro, Luchetti (2017) realizou testes ecotoxicológicos nas suas frações solúveis,
para tal, foi utilizado como organismo-teste, náuplios de Artemia salina. Nesse
aspecto, pôde-se verificar que quanto menor a quantidade de biodiesel e maior a
quantidade de diesel na mistura, menor é a concentração de eluato necessária
para a mortandade dos náuplios de Artemia salina.
A leitura e
análise do estudo desenvolvido por Luchetti (2017) permitem dizer que a tese da autora contempla
mais a produção de biodiesel, utilizando como matéria prima o óleo vegetal.
A leitura e análise dos trabalhos realizados Freitas (2017),
Cruz (2016), Laersen (2017) e Luchetti
(2017), permitem verificar que os estudos desenvolvidos dão a ênfase à sensibilização
e criação de programas e não contemplam o ensino de Química, relacionado à
produção do sabão. Neste sentido, os levantamentos e análises das pesquisas nos
remetem a fazer uma indagação de como se tem usado o óleo de cozinha para o
ensino e aprendizagem de Química e, ainda, como está sendo pensado como questão
social na formação dos sujeitos? Pois como é explicitado pelos autores Santos et al. (2011), em relação ao ensino de
química,
O Compromisso da Educação Química implica que a construção curricular
inclua aspectos formativos para o desenvolvimento de uma cidadania planetária.
No ensino de ciências, isso exige uma base de conteúdos articulada com questões
relativas a aspectos científicos, tecnológicos, sociais, econômicos e políticos.
Assim, percebe-se a importância de trazer temas que fazem
parte do contexto histórico e social dos sujeitos para correlacionar o ensino
de química de forma a possibilitar uma aprendizagem significativa.
Neste
sentido, foram realizadas pesquisas com o objetivo de se fazer também o
levantamento, dos artigos da Revista Química Nova na Escola com a palavra
descritor “sabão”, na intenção de levantar em que aspecto de abordagem teria
como resultados, assim foram obtidos cinco artigos de diferentes anos de
1995/2000/ 2010 / 2019.
Panorama da pesquisa: Levantamento de artigos na QNEsc.
TÍTULO DOS ARTIGOS
|
AUTORES
|
1- Água Dura Em Sabão Mole
|
Gerson de Souza Mol,
André Borges Barbosa,
Roberto Ribeiro da Silva.
N0 2, p 32 –33,
nov.1995
|
2 - Xampus
|
André Borges Barbosa;
Roberto Ribeiro da silva.
N° 2, p 3 – 5, nov.1995
|
3 - Sabão e Detergentes como tema
organizador de aprendizagens no ensino médio
|
Cláudio NazariVerani,
Débora Regina Gonçalves;
Maria da Graça Nascimento.
N° 12, p.15 – 19, nov. 2000.
|
4 - As Questões Ambientais e a Química dos Sabões e Detergentes
|
Elaine Maria Figueiredo Ribeiro;
Juliana de Oliveira Maia;
Edson José Wartha.
N03, p.169 -175, aos 2010.
|
5-Produção de Sabão no Assentamento Rural Monte Alegre: Aspectos
Didáticos, Sociais e Ambientais
|
Luciana Massi;
Carlos S. Leonardo Júnior
Vol. 41, N° 2, p. 124-132, maio 2019
|
Fonte: A autora 1
Em relação
ao artigo de Mol et al. (1995), intitulado de Água Dura em Sabão Mole, inclusive,
parafraseando a canção Planeta Água, composta por Guilherme Arantes, os
autores, em relação ao sabão, citam que na seção “Química e Sociedade desta edição”, os sabões são constituídos de sais
orgânicos, cujas moléculas possuem uma parte apolar e outra polar. Os sabões e
os detergentes formam um grupo de substâncias denominado agentes tensos -
ativos (reduzem a tensão superficial da água) e, por isso, atuam na limpeza de
objetos e superfícies. E, ao final do artigo, propõem fazer uma experiência
para observar o efeito sobre os sabões, em relação à dureza da água.
No artigo Xampus, os autores Barbosa e Silva (1995),
resgatam um pouco da história do sabão, enfatizando que nas ruínas de Pompéia,
destruídas aproximadamente em 79 a.C., pela explosão do Vesúvio, arqueólogos
desenterraram uma fábrica de sabão. O artigo traz conteúdos relacionados ao
ensino de Química como a acidez e a alcalinidade de Xampus. Já, no artigo,
Sabões e Detergentes como Tema Organizador de Aprendizagens no Ensino Médio,
Veraniet et al. (2000)
abordaram uma experiência desenvolvida junto a estudantes da primeira série do
ensino médio, que se refere a uma abordagem de conteúdos de Química articulada
a vivencias cotidianas dos alunos – no caso o tema social “sabões e
detergentes”. Nesse artigo, os autores enfatizam a preocupação dos educadores
na atualidade em relação a metodologias aptas a tornar o processo de ensino e
aprendizagens mais produtivo (HERRON
e NURRENBERN, 1999), ou
seja, a preocupação em trazer um tema relacionado ao cotidiano e a vivencia dos
alunos. Nesse sentido, Lutfi (1992) salienta a química do
cotidiano não como modismo, porém, com um olhar, que a ressalta no contexto seu
papel social, considerando a sua contextualização social, política, filosófica,
econômica e ambiental.
Ao analisar o artigo de Ribeiro et al. (2010), intitulado Questões Ambientais e a Química dos
Sabões e Detergentes, os autores apresentam um relato de experiências sobre o
desenvolvimento de uma proposta de ensino temático em Química, por meio da
abordagem de questões ambientais relacionadas ao uso de sabões e detergentes.
Os autores colocam temas que busquem trabalhar os aspectos sociais, econômicos
e ambientais do contexto em que estão inseridos os sujeitos.
No artigo de Massi e Junior (2019),
Produção de sabão no Assentamento Rural Monte Alegre: Aspectos Didáticos,
Sociais e Ambientais, os autores abordaram o saber popular permeado pelo
conhecimento cientifico e tecnológico, a produção de sabão como pratica social.
Com base nos
levantamentos realizados nos artigos e na tese, o fazer sabão aparece não só
como uma pratica social, que se pode correlacionar com os conhecimentos
científicos do ensino da Química, mas também evidencia uma prática presente no
cotidiano dos sujeitos.
Considerações
O levantamento bibliográfico na CAPES e na QNEsc,
possibilitou ter um panorama de trabalhos que estão sendo desenvolvidos
relacionados à temática proposta em nossa pesquisa sobre a reutilização do óleo
de soja de frituras na produção do sabão em um contexto de economia solidaria e
Ensino de Química. As dissertações trouxeram um aspecto de conscientização a
respeito dos projetos que contemplem uma ação de sensibilização e implantação
de um posto de coleta de óleo vegetal usado, entre outras. Essas dissertações
contemplavam áreas de ciências ambientais, saúde, sendo que não envolvem uma
proposta para o ensino, ensino de Química. Os
artigos da QNEsc trazem a relevância dos relatos de experiência, bem como as
contribuições que esse tipo de pesquisa produz no aspecto não somente das
questões ambientais, que é bastante enfatizado nos diversos artigos
pesquisados, mas também com a participação ativa dos sujeitos no processo de
ensino e aprendizagem e relevante também como uma necessidade formativa e
educativa.
Nesse contexto, daremos continuidade a uma pesquisa que
poderá trazer as implicações que envolvam o ensino de química, questões
socioambientais, economia solidaria e sabões, considerado um tema de relevância
no processo de ensino e aprendizagem em nossa área. “Em especial, porque trata
- se da abordagem de contexto social que permeia o cotidiano de muitas famílias
dos sujeitos, de maneira que se pretende desenvolver uma pesquisa para levantar
e analisar o sentido do “sabão” e significado da “economia solidária”.
Referências
BRASIL.
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base
Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
CRUZ, VIVIANE
MIRIAM CARDOSO. Descarte de óleo vegetal no meio ambiente: Implantação de
programa de educação ambiental e coleta. Mestrado Profissional em Saúde
Ambiental Instituição de Ensino: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES
METROPOLITANAS UNIDAS, São Paulo, 2016.
FERREIRA,
Norma Sandra de. As pesquisas
denominadas “Estado da Arte”. Educação & Sociedade, ano XXIII, nº 79,
p. 257-272, agosto, 2002.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia do oprimido.
17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREITAS, Sonia
Albuquerque de. A Educação Ambiental no Colégio Militar Da Polícia Militar –
CMPM I, Manaus-AM: a importância da reutilização do óleo de cozinha na produção
de sabão ecológico. Mestrado Profissional em Ciências e Meio Ambiente:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ, 2017.
LARSEN,
Isabel. A logística reversa dos óleos residuais em Curitiba: estudo de caso
do bairro Santa Felicidade. Mestrado Profissional em Meio Ambiente Urbano e
Industrial: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, 2017.
LUCHETTI,
Rubia de Pina. Produção e avaliação físico-química e ecotoxicológica de
biodiesel etílico de óleos residuais de fritura. Doutorado em Ciências
Ambientais: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016.
LUTFI, M. Os ferrados e cromados: produção social e
apropriação privada do conhecimento químico. Ijuí: Ed. UNIJUÍ: 1992.
Ministério da
Educação (MEC), Secretaria de Educação Média e Tecnológica (Semtec). PCN+ Ensino Médio: orientações
educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais – Ciências da
Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/ Semtec, 2002.
SANTOS, Wildson Luiz Pereira; AULER, Décio. CTS
e A Educação Científica - Desafios, Tendências e Resultados de Pesquisa. Brasília:
UNB, 2011.
E que venham mais trabalhos e publicações, parabéns!
ResponderExcluirOi Creide.. :)
ResponderExcluirMto interessante seu trabalho.. parabéns!
Parabéns pelo trabalho, um excelente começo. Que venham mais publicações. Abraços!
ResponderExcluirKássia Paula ;)
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